9 Sinais de que a ansiedade dominou sua empresa

A ansiedade é um dos principais desafios para os profissionais da saúde mental na atualidade. Presenciei em diversos eventos acadêmico-científicos sobre sintomas e transtornos contemporâneos, que a ansiedade era uma das pautas mais discutidas pelos participantes.

O tema também deve ganhar relevância nas empresas, pelo fato de que as pessoas permanecem a maior parte da semana no trabalho. Isso implica que o ambiente de trabalho pode estar associado à gênese da ansiedade, mas, principalmente, que as empresas sofrem as consequências da ansiedade das pessoas.

São vários os prejuízos que a ansiedade dos colaboradores pode trazer às organizações, sendo assim, estas devem se ocupar do cuidado com a saúde mental deles. Em um de nossos artigos, explicamos porque as empresas ganham ao prestar ajuda às questões dos funcionários.

Com o objetivo de ajudar pessoas e empresas a identificar quando a ansiedade passa a prejudicar o ambiente de trabalho, listamos a seguir 9 sinais de que ela dominou a organização.

1 – Uso excessivo das redes sociais

Tipicamente, as pessoas muito ansiosas “vivem no futuro”. A ansiedade pode ser caracterizada por idealizar o futuro ou temer o que possa acontecer. É como se as pessoas não conseguissem apreciar o presente, e sentirem que não podem fazer a diferença no agora.

As redes sociais representam uma possibilidade de fuga da realidade que não é virtual. As pessoas tendem a se prender no mundo apresentado pela timeline do Facebook, em detrimento de confrontar o mundo concreto.

Para resolver este problema não adianta simplesmente proibir o acesso às redes sociais na sua empresa, pois as pessoas irão encontrar outra fonte de fuga ou que “satisfaça” as necessidades ansiosas.

No final deste texto, serão expostas soluções para o problema da ansiedade.

2 – Reuniões longas demais

As reuniões podem ser longas por diversas razões. É aceitável que haja uma reunião mais longa que o normal durante o mês. Mas se elas são sempre ou frequentemente longas, é um sintoma de algum problema.

E como a ansiedade afeta as reuniões? Pessoas ansiosas tendem a perder o foco. E não é aquele foco que todos param para rir de algum comentário ou contar um pequeno caso. O foco a que estou me referindo tem caráter subjetivo.

As discussões rendem mais que o necessário porque as pessoas não conseguem direcionar suas energias para as relações interpessoais do presente. Não articulam o objetivo de longo ou médio prazo, com as ações necessárias para realizá-los.

Não é porque não são competentes ou inteligentes. Mas estão estagnadas por alguma ansiedade que não permite que as reuniões sejam ágeis e resolutas.

3 – É difícil chegar a um consenso

Viver com ansiedade é muito difícil. Quem sofre com ela entende que não dá para simplesmente relaxar e esquecê-la. A ansiedade afeta o equilíbrio corporal como um todo – físico e mental.

Ela muda as necessidades das pessoas. O que não era essencial passa a ser, por exemplo, uma pessoa ansiosa pode começar a comer mais chocolate ou a ingerir mais bebidas alcoólicas. O equilíbrio neuroquímico se transforma e todo o cérebro sofre com isso.

Assim sendo, fica mais difícil chegar a um consenso com outras pessoas, parece que os acordos nunca satisfazem completamente. E mesmo com um aparente consenso – quando as pessoas concordam verbalmente com alguma decisão ou proposta – os ansiosos não conseguem aderir inteiramente a ele.

Portanto, há um consenso dissimulado, e as pessoas não se entregam completamente ao trabalho. Por conseguinte, tanto ela quanto empresa são prejudicadas pelo fator ansiedade.

4 – Os colaboradores preferem trabalhar isolados

O isolamento é um dos sintoma contemporâneos mais desafiadores. Relacionamentos interpessoais requerem que estejamos disponíveis para a troca que acontece nos diálogos, e isso requer que haja foco no presente.

As pessoas ansiosas não veem que focar no presente é algo a ser curtido, vivem demasiadamente no futuro que ainda não veio.

Isolar-se é uma forma de conseguirem permanecer na companhia deste futuro e se distanciar no presente.

Se você perceber que as pessoas da sua empresa preferem trabalhar isoladas e sozinhas – de forma exagerada –, é porque a ansiedade tomou conta.

5 – Baixíssima resistência à frustração

A aspiração  da pessoa ansiosa é que o futuro imaginado se torne realidade – que não é o imaginário trágico. Mas focar demais no futuro é uma armadilha que leva as pessoas a fantasiar e a idealizar demais a vida, a tal ponto que parece quase real, e este ideal torna-se uma prisão.

Quando o futuro tão pretendido e adorado não se concretiza, vem a frustração. Veja bem: frustração é algo natural ao ser humano. A experiência de frustração pode ser uma ótima oportunidade de aprendizado.

Mas para a pessoa ansiosa a frustração é uma catástrofe. E isso as impede de tentar aprender com o que aconteceu de errado, e a seguir em frente para tentar de novo.

Se as pessoas da sua empresa se frustram facilmente e recorrentemente, veja se não vale a pena cuidar da ansiedade delas.

6 – As pessoas se distraem facilmente

A distração é mais uma marca da ansiedade. Quem é ansioso sabe como é viver com a procrastinação.

Mas atenção: as distrações não são falta de disposição ou vontade para trabalhar. Pelo contrário, as pessoas ansiosas sofrem pela ansiedade, mas também pela cobrança que têm consigo mesmas. Elas querem manter o foco de atenção, mas pela inevitável desconexão com o presente, o ambiente acaba tendo vários estímulos que distraem.

Distração pode não ser intencional! Não perca o potencial da sua equipe ao desconsiderar isso. Dê apoio à ansiedade das pessoas, será muito melhor para a sua empresa.

7 – Presenteísmo generalizado

Você sabe o que é presenteísmo? Ele é um fenômeno caracterizado pela presença física do colaborador, mas por alguma razão sua mente não está – portanto ele não produz.

A ansiedade pode se manifestar de muitas formas: As pessoas podem acabar sendo extremamente produtivas, o que é raro; ou podem não conseguir produzir efetivamente, por exemplo, por estarem preocupadas com alguma situação da vida pessoal e não conseguirem trabalhar como gostariam.

O presenteísmo, muitas vezes associado à falta de motivação dos colaboradores, pode ser na verdade causado pela ansiedade.

8 – As pessoas não respeitam as falas umas das outras

Seja atropelando a fala do colega, ou não absorvendo devidamente o que os outros têm para dizer.

Pessoas muito ansiosas não fazem isso por falta de habilidades sociais. Fazem isso pois a ansiedade as deixam tensas e desconectadas.

Perceba se as pessoas no seu trabalho têm a tendência a terminar as falas umas das outras ou a cortarem o discurso do colega para tomarem a fala. Isso pode ser um sinal de ansiedade no ambiente.

9 – A memória das pessoas anda falhando

Se você percebe que as pessoas parecem esquecer dos compromissos ou dos detalhes de um projeto, provavelmente  é por alguma destas três causas (atuando juntas ou não):

  • Estresse;
  • Sobrecarga de trabalho;
  • Ansiedade.

Ademais, mesmo estresse ou sobrecarga podem ser consequências ou causas da ansiedade. Portanto, atente-se para o esquecimento generalizado na sua empresa. Dê atenção à saúde mental dos colaboradores para não se preocupar com os resultados da empresa depois.

O preço a se pagar pela ansiedade nas empresas

Podemos elaborar uma longa lista dos prejuízos vindouros da ansiedade. É preciso esclarecer que a ansiedade é uma reação inata do ser humano, e, assim sendo, é um recurso de nosso organismo para lidar com certos tipos de situação. Mas é necessário ter atenção para saber quando ela se torna patológica e prejudicial para uma pessoa ou grupo.

Dentre os prejuízos da ansiedade para as empresas, é possível citar:

  • Baixa produtividade;
  • Alta rotatividade;
  • Absenteísmo e falta de engajamento;
  • Conflitos nas relações interpessoais;
  • Gastos e prejuízos financeiros pela saúde acometida dos funcionários.

É importante ressaltar que todas estas consequências repercutem em outro grande prejuízo: agrava-se a qualidade do relacionamento com o seu cliente, repercutindo em queda nas vendas.

Como lidar com a ansiedade nas organizações

Sua empresa pode combater a ansiedade dos funcionários em duas frontes: pela transformação do ambiente de trabalho, e pelo suporte individual a cada colaborador. Dessa forma, as ações tomadas minimizam os efeitos que o ambiente (ou cultura organizacional) tem sobre a saúde mental das pessoas. E, pela outra fronte, enfrenta os efeitos mais particulares e subjetivos referentes a cada funcionário.

Procure conhecer o ambiente através da pesquisa de clima organizacional, ou por um estudo da cultura organizacional. Assim, você saberá exatamente o que precisa ser melhorado.

E para os colaboradores, ofereça atividades terapêuticas que os auxiliem a lidar com ansiedade, por exemplo, promova oficinas de arteterapia, biblioterapia ou cão-terapia. E outra ferramenta poderosa é oferecer suporte psicológico na sua própria empresa.

Ao identificar algum destes sinais, você já pode começar a considerar tomar alguma destas ações. Garanto que combater a ansiedade por estas duas frontes – individual e ambiental – solucionará qualquer problema que você tiver.

Comente